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As regras do jogo econômico brasileiro

Todo jogo tem suas regras. Às vezes, não gostamos delas, mas quando elas não existem, ou não são seguidas, tudo vira uma grande bagunça. Na economia, isso não é diferente, e o nosso país tem provas concretas disso.


No texto “O que essa tal de inflação pode fazer?”, dei um exemplo do que acontecia com o Brasil durante o período da hiperinflação, nas décadas de 1980 e 1990. Nessa época, a economia brasileira não tinha políticas monetárias sólidas, e diversos planos foram feitos para “tapar um buraco” que só parecia piorar. Não tinha jeito: a economia brasileira precisava recomeçar, partindo do zero, com planos e regras rígidas para estabilizar nossa moeda e assim resgatar os olhares dos investidores.


A partir daí, veio o Plano Real, em 1994, que possibilitou a economia a respirar e até a elaborar melhor suas próprias políticas. Em 1999, após alguns problemas para manter a moeda estável (dos quais falaremos em outro texto), foi criado o conceito do Tripé Macroeconômico brasileiro, que seriam os 3 pilares que iriam reger a economia do país nos anos seguintes. São eles:


Câmbio flutuante


Até 1999, o governo brasileiro comercializava dólares para tentar estabilizar a própria moeda. E. dado momento, a demanda pela venda de dólares ficou muito alta e o Brasil foi ficando sem “estoque”.


Foi aí que a política cambial do Brasil passou a ser a de câmbio flutuante. Isso quer dizer que a moeda valoriza e desvaloriza de acordo com a lei da oferta e da demanda. O governo do país iria parar de influenciar e deixaria o próprio interesse do mercado mostrar se a moeda era valiosa ou não, de acordo com a demanda.


Claro que essa liberdade toda tinha limites, mas o Estado passaria a intervir apenas em flutuações muito bruscas, anormais, e não precisaria comprometer o seu patrimônio na maioria dos casos.


Metas fiscais


Todo ano, o Congresso iria colocar uma meta para a diferença entre receita e despesas do governo, com objetivo de manter o governo sempre no azul e mostrar para o mundo que somos responsáveis e pagamos nossas dívidas.


Desde 2015, o país só tem fechado os anos no vermelho, ou seja, com gastos que superam as receitas. Apesar disso, essa mesma lei prevê déficits máximos, e em alguns anos, como 2019 por exemplo, o país conseguiu ter um prejuízo menor do que o limite, batendo a meta fiscal dessa forma.


Metas de inflação


Da mesma forma, o país todos os anos define uma meta para a inflação acumulada ao longo do ano. A cada 3 meses, um comitê se reúne para atualizar a taxa básica de juros, a taxa SELIC, com o intuito principal de manter a inflação projetada dentro da meta através da atualização dessa taxa.


Uma alta na taxa atrai mais investimentos, diminuindo a circulação do dinheiro, enquanto uma taxa mais baixa melhora as condições de crédito e aumenta a circulação do dinheiro no país, e consequentemente aumentando a inflação. a decisão vai depender da necessidade do país naquele momento e das metas estabelecidas.



Essas metas não são definidas simplesmente em uma canetada. O país possui leis orçamentárias que limitam a forma de como essas metas podem ser estabelecidas. Isso impede que o Congresso estabeleça metas sem sentido apenas para garantir o resultado sem que isso seja realmente benéfico para a economia do país.



Até hoje, o país segue um planejamento baseado no Tripé Macroeconômico, e apesar do país nem sempre conseguir bater as metas estabelecidas, o sistema ajuda a entender se a economia do Brasil está numa situação de melhora ou piora, e ajuda a mostrar os caminhos a seguidos, ajudando nas tomadas de decisão. De resto, é papel dos gestores da política e da economia do país seguirem as regras e ganharem o jogo.


Até o próximo artigo e, se puderem, fiquem em casa. o/


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